Desculpe-me tristeza, é sua hora de partir...
Eu gosto de sol, das manhãs serenas,
não vou abrigá-la, sequer apoiar,
fique longe de mim!
Se pouso nas ondas, minha alma carente,
ouço mil canções, entoadas por elas,
e com prazer vou transformando em versos.
Tristeza... pra quê?
Recuso-me a ser triste,
a ser abrigo de dores e mágoas.
Sou alvorada! Para mim, o ocaso,
é estro, é parnaso.
Você é cruel, tristeza! Cheia de artimanhas,
procure outro poeta para as suas manhas.
Eu vou continuar, assim, desse meu jeito
e pouco importa se ele for defeito.
Eu quero ser o riso, carinho, emoção...
Quero ser companhia, nunca solidão.
Começo da frase, o meio da história,
e sendo feliz, também o final.
Tenho uma aliada, que não vai morrer!
De fato, padece, mas nunca se afasta.
É a minha esperança, tão boa de ter,
melhor que você...
Vou pelo mundo, cavalgando palavras...
Não conheço o medo em meu jeito de ser,
nem sempre sou anjo, mas amo viver,
sem chorar, sem sofrer.
Entende, Tristeza, porquê do abandono?
Eu não quero você, velando meu sono.
Precioso em meu leito, é meu sonho de paz,
e alguns sonhos mais...
Mas ser triste?... Não dá!
Amo muito a vida, que me ama também.
Desculpe-me, tristeza ...
Até nunca mais!