Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

09
Jan 09

Pensamento errante; ao rito desmembro o bucólico

verde que acabou naquela floresta... Ipê florido,

ali, onde entreguei às tuas pegadas de rei o meu adeus doído

beijando a terra em silêncio, escoando o pranto alcoólico.





Ébria das gotas de solidão, errante equilibrista

tentando tocar o céu, tocar o anjo do telhado

que foi embora e me deixou sem sombras, do lado errado,

inventando a vida de vidro na fome alquimista.





Fome de deus, febre de mitos... doente do retalho

que tanto me usou; desbotada pele de outras dores,

suor de irmãos cerzidos com as vergastas dos horrores,

ninando as noites de frio da fada dos espantalhos.





Embriagadoras mãos escavando o céu do rei sem sol,

tentando alcançar os passos daquele anjo de vidro

que iluminou o acarvoado quintal dos ritos feridos,

onde eu ria, sóbria fada, coroada por um girassol.

publicado por SISTER às 07:02

01
Dez 08

     Queria aquietar o impotente discurso empapelado nos meus poemas; dói demais perceber o fracasso dos gritos, o insucesso das minhas bandeiras hasteadas com fervor, o clamor em defesa dos animais, da natureza e dos meus iguais.

          Que grande socorro eu prestei à humanidade!

          Nenhuma vírgula mudou as vidas discursadas nessas linhas reclamantes... só reticências e interrogações somatizadas.

          Queria orar e crer que fiz o diferencial, e depois dessa prece, abriria os meus olhos e veria algum minúsculo milagre - preciso de pouco -; só um pequeno sinal bastaria, mas nada acontece.

          Não consigo ajudar os meus irmãos, muito menos salvar o eu de mim, afastando a incômoda sensibilidade que capta as dores e se alimenta das tristezas.

          Poemas indiferentes, linhas fracassadas, minha rima aos derrotados: é só o que eu sou e o que faço.

          Dou as mãos à palmatória, me calo à glória de um mundo rosado que eu não vi, à história de um amor eterno que não resistiu ao egoísmo dos anos desperdiçados em partilha.

          Rasgar os papéis das ruas obscuras que desenhei, dobrar a bandeira do meu país manchado de corrupção, de fome e descaso, jogar as palavras e as folhas na chuva, sem olhar para trás; depois ficar olhando uma lua esburacada e distante nesse céu chato e poluído, esperando que ela preencha o vão desse lamento surtido retinindo aqui dentro, preso na garganta, invertendo toda a tradução do que vi.

          Fotografar a esperança escorregadia e cair na passarela bucólica, dentro do fantástico carnaval colorista, beber dessa orgia esquecendo as quartas-feiras cinzentas tão cheias de ressacas estampadas nas faces assustadas, enfrentando o sol abrasador, derretendo a ilusão plastificada da cera humana.

          Queria agradar os olhos famintos de beijos escritos, aquecer os corpos carentes de gozos múltiplos, saciar os peitos solitários que buscam o toque lírico no branco decote do vestido virginal, ourando a aliança findada no círculo feliz até que a morte da união separe o para-sempre do final amargurado e rotineiro.

          Eu queria não sentir, mas eu sinto...

          Sinto muito!

publicado por SISTER às 14:23

05
Out 08

Afavorar a estonteada danação

num famélico crime farisaico,

estendendo à sujeira dos mosaicos

a beatitude no chão da humilhação.

 

Filamento e imundície no lavabo,

sedando a honra e o gemer sacrificial

da arruinada fonte de água batismal,

fustigando o plural do eu; pó ajoelhado!

 

Ciumentas vindícias... quase um escarro

no entusiasmo do pingente na estante,

engolindo a esperança lacerante,

misturada à vertigem do meu barro.

 

Açoitar a esperança; fio ornamental

aspergindo os óleos desse semblante,

se no pano imundo o sumo é o corante

da face... suor do pingente desigual!

 

publicado por SISTER às 10:51

01
Ago 08


      Que faço eu agora que a confiança foi-se embora?

      Mãos em oração sem mais aquela esperança,
      de que me serve o riso de uma alegre lembrança?
      ... Com essas lágrimas antecipadamente derramadas,
      e mais essa dor que consome minhas horas e meus dias,
      que faço eu sem a poesia que havia em Sofia?

      Que faço eu com o pedaço que se vai embora e mais a dor que fica agora?

      Choro a palavra não dita e a vida que definha,
      choro as dores suas que são as mesmas dores minhas.
      O vazio já se faz... Ah, meu Deus! para quem escrevo, eu aqui sozinha?
      Lágrimas ao tempo tão quentes quanto o calor do seu olhar,
      e a impotência de não mais poder meus olhos lhe encontrar...

      Que faço eu com esse frio n'alma que aflora?

      Choro a sua luta e a força que vence o cansaço,
      queria eu poder mais uma vez descansar em seu braços.
      Quem vai abrir o portão e o sorriso se a porta vai se fechar?
      Dorme ela em sua cama fria, dorme linda Sofia,
      que minhas lágrimas lhe aqueçam nessa noite vazia...

      Que faço eu agora se é chegada à hora?


     

publicado por SISTER às 12:47

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