Um coração pode bater cansado,

Por trabalhar no decorrer dos anos,

Por tristeza, angústia e desenganos,

E por coisas já mortas no passado.



Doentio pode estar ou machucado,

Pelas ingratidões, pelos enganos,

Por outros corações que, desumanos,

O deixaram sem dó dilacerado.



Mas sempre há nele algo formidável,

Que o faz ser firme, forte, inquebrantável,

Se trouxer, no seu íntimo, guardado:



O símbolo da paz e da bondade,

Da fé, da compreensão, da caridade...

E se amar alguém e for amado.

Tão forte em mim é o amor! Tão dominante!
Que já não faço mais conjecturas,
Se ele traz afagos ou torturas,
Ao meu coração, fiel amante.

Mas qual chama voraz e crepitante,
Sei que incinera as minhas amarguras,
Reduz à cinzas minhas desventuras,
E faz minha alma se tornar gigante.

Porque o amor ninguém, no  mundo, explica,
Quem tentar explicá-lo se complica,
Pois será sempre algo inexplorado.

Ele é forte corrente que nos prende,
E cada um a sente, mas não entende
Porque vive feliz acorrentado.

       Cheguei àquele rancho ao pé do monte,

      Paredes a cair, telhas quebradas

      E vi as mesmas árvores copadas,

      E ouvi o mesmo murmurar da fonte.

      

      De longe eu avistei a velha ponte,

      As pastagens sem gado, abandonadas...

      Os pássaros fazendo  revoadas,

      Enquanto o sol descia no horizonte

      

      Entrei! A porta então rangeu saudade...

      Casa vazia...Suja e a metade

      Da mesma mesa ali permanecia...

      

      Lembrei que ao redor da antiga mesa,

      Na qual se via marcas de pobreza,

      Sobrava amor e paz entre a família.


 

      Ser mãe é dar de tudo, e à si nada querer;
      É amar, mais do que ama a sua própria vida;
      É disfarçar sorrindo a dor de uma ferida,
      Para evitar que um filho seu, venha a sofrer.

      Ser mãe é entregar-se inteira à luta insana,
      Para orientar, amar e compreender, perdoando;
      Ser mãe é atravessar as noites, sempre orando,
       Por um filho que enfrenta a turbulência humana.

      Ser mãe é padecer sem nunca lastimar;
      É se esquecer de si e não deixar faltar,
      Tudo que um filho seu precisa na jornada.

      Ser mãe é ser alguém que ri, que chora e canta;
      Ser mãe é ser um misto de mulher e Santa.
      Que dá sempre o que pedem e, à si, não exige nada.

  Se o teu modo de ser requer mudança:
      Põe no teu rosto um traço de alegria;
      Faze do amor teu pão de cada dia;
      Transforma o desalento em esperança.

      Nunca penses em perdas ou falência;
      Nem te julgues inútil. Embora falho,
      Coloca o coração e a inteligência,
      A serviço, no campo do trabalho.

      Não abras mão da tua liberdade;
      Não ouças os que não querem que tu venças
      E não percas jamais a honestidade.

      Pois quem perde com honra... é vencedor,
      Mas se a honestidade tu dispensas,
      Mesmo que ganhes... serás perdedor.

Amor!!! Palavra que todos dizem,
            Verdade que poucos sentem,
            E alguns pensam entender...
            Mas ninguém sabe dizer,
            Com certeza, o que ele é.
            Será abstração?
            Acredito eu que não,
            Pois encontra-se em tudo:
            Na terra, no mar,
            Além da Terra e além do Além.
            O poeta o descobre no calor de um beijo,
            O cientista nas pesquisas,
            O pintor o vê nas cores,
            O escultor nas estátuas,
            O lavrador nas plantinhas,
            O músico o escuta nos acordes,
            E o espiritualista o encontra nas preces..
            Para mim,
            É algo que excede a própria sublimação.
            Encontro nele a compreensão das almas,
            O delicioso enlaçar de ansiosos corpos...
            Descubro nele:
            A ternura, o sorriso, a alegria,
            A bondade, o respeito, a renúncia,
            O reflexo, em nós, da dor alheia,
            O pranto a rolar por quem padece,
            Porque ele provoca:
            Nosso profundo suspiro nas lembranças,
            O brilho intenso num olhar ardente,
            A dor imensa a traduzir saudade,
            O silêncio diante das ofensas,
            O perdão que destrói o próprio ódio,
            O sonoro entoar de humilde prece,
            E a vida a vibrar em plena vida.
            CONTUDO....
            Assim o sinto porque sou humano,
            Mas ele é muito mais do que suponho,
            E só Deus o compreende em sua essência,
            POR SER O PRÓPRIO AMOR POR EXCELÊNCIA.

Menino ainda, eu me lancei à luta
      Vendendo frutas num carrinho usado
      De uma roda só, meio quebrado,
      Que pra empurrá-lo era a maior labuta.

      Não me envergonho não... porque agora,
      Tenho bem mais do que sonhei um dia...
      Não é dinheiro não, é a primazia,
      De mandar versos pelo mundo afora.

      Do meu carrinho-de-mão sinto saudade,
      Pois ele me mostrou que, na verdade,
      O sofrimento veio me ensinar:

      Que, sem mover os pés ninguém caminha;
      Que a gente pode ter o que não tinha,
      Se for à luta, sem temer lutar.

   Sá de Freitas