O cisne é uma ave muita admirada
em todas as culturas
como símbolo de elegância.
Assim, muitos são os contos
onde pode-se ver cisnes
que se convertiam em princesas
e o patinho feio que se converteu em cisne.
Na mitologia grega,
Zeus se metamorfoseou de cisne
para fecundar uma mortal, Leda,
que dará à luz os Gêmeos e sua irmã Helena.
O cisne macho é ainda,
o pássaro sagrado de Apolo.
No outono de cada ano,
o deus subia para as regiões nórdicas,
onde, atrás de uma tríplice barreira
de gelo branco, reinava a eterna primavera
do Hiperbóreo, banhada pela quente luz
de um sol dourado.
Lá, o deus da Luz, da Sabedoria e da Beleza
permanecia por seis meses
entre os cisnes sagrados,
que, com o retorno da primavera,
o reconduziam para as primeiras flores
da ilha de Delos, sua pátria.
Os helenos da grande época
às vezes atrelavam cisnes
aos carros de Dionísio e Afrodite,
mas, o mais das vezes, ao de Apolo.
Em muitas lendas dos povos altaicos,
a ave luz, cisne fêmea,
de beleza deslumbrante e imaculada,
é a virgem celeste,
fecundada pela água ou pela terra
(o lago ou o caçador),
para dar origem ao gênero humano.
Lendas semelhantes são conhecidas
nos mitos celtas
e sobreviveram no folclore popular.
Nesse caso, o cisne é um ser feminino,
proveniente do Outro Mundo,
e sua luz deixa de ser masculina e fecundadora,
tornando-se feminina e fecundada:
ela é então a luz lunar e leitosa,
suave de uma donzela cisne.
Na Grã-Bretanha
encontramos os principais relatos
sobre essas fadas célticas.
Aqui, geralmente essas donzelas encantadas
que são filhas de um rei Mago.
Mas há também fadas
que possuem em sua própria natureza
a propriedade de trocar de forma
e transformar-se em um cisne.
O cisne é o aspecto
mais frequentemente tomado,
particularmente pelas mulheres do Sidh
(fadas da Irlanda).
Quando as mulheres-cisnes pousam na terra,
tiram sua plumagem e aparecem nuas,
muitas vezes perto de lagos
ou de cursos de água.
Há muitas histórias de origem celta
que narram o encontro
de uma fada cisne com um humano.
Um homem, que pode ser um caçador,
pescador, ou príncipe,
que assiste sem querer ao banho
de uma ou de várias mulheres,
todas de rara beleza,
e roubam seu manto
ou capa de plumas de uma delas.
A jovem dona do manto
se vê obrigada a partir com ele,
pois não pode voltar sem ele
ao mundo feérico (Sidh).
Durante anos se comporta
como uma boa esposa
e vive feliz ao lado de seu marido e filhos,
até que um dia, por um descuido,
encontra o manto escondido
e desaparece para sempre.
A Donzela Cisne
assume sempre seu destino com resignação,
se mostra silenciosa e obedece o marido,
porém não nos equivoquemos com ela,
em muitos casos a donzela cisne
adota um papel ativo
e é ela que elege o homem
com quem quer casar.
Em um conto da donzela cisne
que possui um pai Bruxo,
esse impõe uma série de provas ao herói
disposto a tomá-la como esposa,
mas que é sempre ajudado
por sua futura mulher.
A lenda que narra a história de amor
entre um homem e uma mulher-cisne
é frequente em quase todas as mitologias,
tanto orientais como ocidentais.
Nesta lenda se baseou Tchaikowsky
para compor seu ballet "O Lago dos Cisnes"
em 1876, que estreou em março de 1877,
mas não teve boa acolhida entre o público.
Como é habitual, a morte de Tchaikowsky
em novembro de 1893
se seguiu um ressurgir da obra.
No ano de 1895 se reestréia este ballet
obtendo-se o êxito
que havia sido negado ao autor.
Um século depois, no ano de 1995,
e recreando o argumento
do ballet de Tchaikowsky,
Richard Rich estreou um filme
de desenhos animados
"A Princesa Cisne",
desenhada completamente à mão
e que narra a história da princesa Odette,
convertida em cisne
por culpa de um feitiço
e que só teria aparência humana
quando os raios da lua se refletiam no lago.
O amor seria a única força
que a libertaria do feitiço.