Espero o teu regresso.
Ainda que por mim...
Jamais tenhas partido.
Espero o teu regresso.
Ainda que por mim...
Jamais tenhas partido.
Ele me desnuda! Fico sem vergonha, sem reserva, sem pretensão de ser algo mais que não seja ser a fêmea dele. Ele me desnuda! Nele sou simples, quinta-essência, plenitude sem camuflagem, sem pudor e sem parábola, sem pressa e sem tempo, sem ontem e sem amanhã.
Ele me desnuda! Viro lama e dama; verdade e mentira; defeito e qualidade; direita e torta; feia e bonita; aplauso e vaia; comédia e drama.
Viva a antítese!
Ele me desnuda de mim e me cobre inteira dele.
Ele se desnuda! Fica sem vergonha, sem reserva, sem pretensão de ser algo mais que não seja ser meu macho...
Não somos mais uvas soltas. Somos um cacho.
Quem se desnudou primeiro? Fui eu ou foi ele?
Neste poema deixo
na areia marcas
esparsas, breves
pegadas leves
de alguém que partiu
numa barca
sem dizer adeus.
Neste pequeno poema deixo
o medo, o susto
Daqueles que levamos
quando o vento
desnuda nosso busto.
Adeus brusco.
Neste resto de poema,
deixo o pranto
De saber que feri
meu maior encanto.
Adeus que acena.
Sequer é poema
é apenas
a lágrima que teima
em sair dos olhos meus.
Adeus.
Não, não mesmo. Sem sonetos de amor, sem solos de sax, sem telefonemas saudosos nas madrugadas vazias, sem cartões no dia dos namorados, sem cartas de amor, ainda que tiradas no tarô, sem recados benfazejos de realejos, sem serenatas com gemidos de guitarras, sem "essa é a nossa canção".
Não existiram, nem existirão dores de amor, porres para enganar a inquietude, suspiros cheios de olheiras. Nada de cobranças de dívidas afetivas, de cadastros onde se tem que preencher: Descompromissados. Nada de notificações avisando que, pelo menos, nos nossos aniversários acontecerá um jantar a dois.
Sem choro, sem vela, sem fita amarela! Não precisamos do muro das Lamentações, nunca fomos roedores de beira de calçada, jamais soluçamos por infidelidades, aliás, odiamos o melodrama dos boleros de Gardel.
Nada de discussão de relação, até porque não existe relação, apenas um entusiasmo passageiro, um intercâmbio de carências, uns papos caducos que acabaram por resultar em poemas boêmios rascunhados em guardanapos de papel, que, quem sabe um dia, o lixeiro não declamará para sua amada?
Como você pode constatar, eu, em tempo nenhum, nada exigi.
Nem antes, nem agora, nem no que virá. Sou descolada. Nunca aceitei SuperBonder afetivo.
O silêncio nessa clínica junto com todos esses remédios me entorpece. Ouço o barulho do crepitar da chuva na janela enquanto imagino um beijo quase sacro em sua boca. Sua respiração, ainda que por instantes, ficou ofegante. Será que foi só impressão minha? Você atualmente está completamente impessoal.
A fada Sininho chegou com a injeção de Dormonid. Cedo o braço sem resistência, pois enquanto ela escorre em minha veia eu ouço "Lembra de Mim".
Será que essa seria a nossa canção, caso tivéssemos tido uma?
Te quero meu.
Como aconteceu?
Sabes dizer o exato
momento em que a noite acabou
e o dia amanheceu?
Nem eu.
De amor não mais escreves,
muito menos proferes.
Teu braço está com íngua
o gato comeu tua língua,
aliou-se a esquerda,
entrou em greve?
Imprudente
não falo eu ou você
persisto em falar:
- A gente!
Meu coração ainda ferve,
minha razão obtusa
afirma que nossa paixão vinga.
Por mais que me digas não
nem o Adão resistiu aos encantos
da serpente.
Dá uma mordida na maçã!
Abusa.
Eu fiz o lombinho pra ceia, pois peru só no natal.
Eu sei que um anda pra frente e o outro anda pra trás.
Eu comprei uva branca e vesti calcinha vermelha.
Eu sei que uma dá fartura e a outra dá sorte no amor.
Eu coloquei um euro no sutiã e vesti-me de branco.
Eu sei que um traz dinheiro e o outro traz paz.
Eu fui para a praia levando flores e champanhe.
Eu sei que o mar merece florir e o espumante dá frisson.
Eu pulei com o pé direito no chão e o esquerdo no coração
Eu sei que um é pura superstição e o outro sempre pulou ao seu lado.
Eu abracei até o desconhecido na multidão.
Eu sei que nessa data todo mundo fica igual.
Eu só não gritei o quanto eu te amo, mas eu sei que você sabe que sempre eu vou te amar, com ou sem lombinho, uva, calcinha vermelha, euro, vestido branco, mar, espumante, multidão ou solidão.
Muito amor emudece.
Completa?
Faltou um tantinho assim.
Um tango amanteigado com Pacino.
Um upa na garupa do McQueen.
Camisa hering ou de linho Richards quando tiver um puta evento. Calça jeans a maior parte do tempo, ocasionalmente uma de bolso faca, unhas sempre limpas, mas jamais feitas em manicure, cabelos cheirosos, sem sebo, sem caspa, sem gel, sem tintura alguma. Um pouco desleixado. UI!
Pele áspera, mas hidratada, jamais com pinta de quem fez peeling. Barriga mediana, nunca dura e pontuda com gordura condensada, mas tanquinho não. Rugas em volta dos olhos seduzem, nariz um pouco maior do que devia, tênis ou sapatos irretocáveis. Tenho tesão em sapato. Não pode ter cachorro poodle, muito menos gatinho. Ou cachorro grande ou nada, assim como sequer pode imaginar ter um passarinho na gaiola, que dirá colocar capa nela, pro bichinho além de preso se sentir cego.
Cotovelos claros, barba com um aspecto de que foi feita pela manhã, cheirinho gostoso no cangote, ter raiva de shopping, não ficar hipnotizado com vitrines. Ter pêlos, jamais em excesso (principalmente na bunda), mas no peito alguns são ótimos, para a gente se sentir acariciada por eles. Poucos cravos que eu mesmo tiro. Esfoliar? Se esfolia em mim. Ai!
Em tempo algum belo demais. Competição é no Jockey Club. Interessante, com um sorriso safado, ar dominador, mas que chora "combo" no cinema. Inteligente a ponto de saber tudo de bolsa de valores, mercado futuro, mas não se acerta com uma agenda de celular e nunca colocaria como toque Pour Elise (coitado do Beethoven), nem Elise, nem ninguém. Telefone não é CD. Culto, antenado que sempre sabe das coisas, refinado, mas que adora comer pizza e fazer carinha de novidade quando a gente conta algo batido com ar de empolgada.
Adora lençol branco 100% algodão e não é chegado a demonstrar sentimentos em público. Beijo the end antes dos créditos é a dois. Quem quiser ver que pague ingresso. Compra a playboy, pois adora ver bunda feminina, toma Antártica, gosta de mortadela, assim como ama um presunto pata negra e sabe escolher um vinho melhor que o Renato Machado. Ouve jazz, blues, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Beatles. .. Sertanejo nem amarrado.
Repara a camisola nova, e, acima de tudo, jamais adquire o jeito de carro usado cheio de plastique. Amadurece em estado zero KM, onde a gente sempre terá que aprender como conduzir e amaciar, apesar de que essa espécie masculina já nasce lingerie. Sempre uma caricia.
Com o corpo em feriado
coração coberto de fantasia
nada planejado
para cada novo dia.
Esqueci a pia
afoguei o maldito fogão.
Tutto il mondo cão!
Sem destino:
Eu menina
você menino
ambos de gosto fino
segue uma sugestão:
- Que tal um passeio em Veneza?
Mas, attenzione:
Nada de esperteza
Quero um apertão
bem na cara do gondoleiro.