Fim de uma tarde chuvosa, e nevoenta
Chove forte, causando em mim uma tormenta
São pingos fartos que me abalam a existência
Faz jus ao clima do Natal, que se aproxima
A angústia, que a minha alma contamina.
Sinto saudades dos meus tempos de menina
Dos bons tempos engastados de esperança
Que bom seria se eu voltasse a ser criança
Meus bons momentos agasalhos nas lembranças
Do colo da mãe, dos mimos da avó, das minhas transas.
Do sorriso do pai, dos irmãos reunidos
Da minha (santa magrinha) do jantar em família
Mas em verdade, sinto o desejo de ser filha
Apenas filha, protegida pelas mãos dos meus bons pais
Com obediência, fazer o que lhes satisfaz.
Sinto falta das normas por eles ditadas
"Mesmo que as vezes eu desse as minhas escapadas"
Não ser a dona de mim mesma, ou dos meus atos
Ter quem desate os cordões dos meus sapatos
Nas noites frias, quem me estire um cobertor.
Chorar por birra, não por medos, ou por dor
Ser adoçada com carinho e com amor
Hoje sinto-me só, como se perdesse-me na trilha
Um ser abstracto peregrino em uma ilha
Ah, eu só queria simplesmente ser à filha.