Eu triste solitário do amor
carrego a cruz da maldição
de uma velhice sem esperança
entre o nojo da podridão

Serei inválido totalmente
serei inválido parcialmente
serei um monstro horroroso
com olhos de mocho

Meus pés rastejam
na amálgama do desespero
em areias movediças
na tristeza amargurada

Sinto o odor da morte
para uma nova esperança
coberta de lilases afrodisíacos
num sonho terminado.


 

Vem dançar

Vem ciganita

minha alma saltita

com teu bailar

Sinto-me louco

com teus galanteios

O Sol já nasceu

e meu coração palpita

através da planície

verdejante

A música inebria-me

e sinto uma alegria

que me obriga

a dançar contigo

e minhas mágoas voaram

na indecisão de mim próprio.

 
 

      Ventos da claridade
      sopram na revolta
      dos vilipendiados
      por uma liberdade sã

      Os corruptos da indiferença
      engravatados sorridentes
      com as penas da vaidade
      por caminhos cobertos de lama

      Soam as sirenes dos esfomeados
      o grito infantil da fome
      encerradas as portas
      dos protestos

      Os poderosos dourados
      pelo orgulho do nada
      com o charuto da inconsciência
      passeiam pela raia da vaidade.

      Ilusão palavra ingrata

      quantos sonhos não passam de pesadelos

      onde a amisade se torna falsa

      nestes tempos conturbados

      onde uma pena

      pesa quilos de desgosto

      onde o sofrimento

      com a ilusão

      é dura como uma pedra

      Quando me sinto iludido

      meu coração sofre

      na intensidade dos tempos

      e fico perdido no Universo

      cinzento como o ódio

      e então minhas lágrimas

      se espalham pelo chão.

vesti-me com as cores
ao longo do arco-íris
senti a pureza
dos anjos

com o azul dos céus
veio o sorriso
cheio de leviandades
passear pelo infinito

com o verde
veio a esperança
por mim perdida
na saudade de outros tempos

com o cinzento
senti a tua presença
clara e sincera
no aroma do silêncio

com o negro
senti-me perdido
por entre a tempestade
de uma vida incerta.

A poesia
Desliza pelos meus dedos
Na suavidade de uma pena
Pelo caminho do amor

Cintilam penas
Na leveza sentida
Em demanda de uma princesa
Contida na minha imaginação

As palavras dançam
Ao ritmo de minha alma
Na solidão eterna
Por caminhos de sonho

A caneta
Beija minhas mãos
E empurra as palavras
Para um delírio final.