Chove, chuva
Em mim, gotas do passado,
recordações fluídas e amenas,
pétalas macias de açucenas,
flocos de nuvens a passear serenas
nos céus das recordações.
Chove, chuva,
no beiral de tardes distantes,
escorre pelas face dos amantes
a se despedir dos encontros
que o destino fez itinerantes.
Chove, chuva
escorre livre desses olhos meus
agora enuviados,
a buscar abrigo
em guarda-chuva amigo,
em abraço enternecido
em beijo sempre orvalhado.
Chove, chuva
calma e mansamente,
no breve cair da noite,
no raiar da aurora
desse Verão inclemente.
Chova bastante
na paz dos telhados de outrora.