Na tua fala discreta,
tens razão no teu clamor
quando dizes que um poeta
exige muito do amor.
Como amante incorrigível,
é mui justo e natural
exija um amor sensível
que fuja ao convencional.
E ao cerrar de uma cortina,
aquele abraço em penumbra...
chorar de um tango em surdina,
para o instante que o deslumbra!
Sentir no peito incendido,
do céu os extremos confins,
ao ter juntinho do ouvido
débeis "nãos" dizendo "sins".
Haurir das sedas o frolo
da saia erguida em viés...
desde o alvor do níveo colo
à cútis rósea dos pés!
Que as mãos do poeta sondem
fofas e tépidas sendas...
pra desvelar o que escondem
finas sedas e alvas rendas!
Mas pra conter seu ardor,
só de uma coisa precisa:
daquela ânsia e ardor
com que ama uma poetisa!