Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

05
Nov 10

Meu andar pé ante pé
não machuca  a plenitude
não se intromete na fé
do teu ser em quietude
por meu desmerecimento
que antes quis traçar um jeito
de dar norma aos sentimentos
que só fez magoar o peito
transbordante qual açude
num querer em amplitude.

Lá no sotão da saudade
da casa da minha avó
minha credibilidade
era em ti, ou estar só.

Sinto muita dor e inchaço
desde que caí, eu acho,
desde que morreste, penso
meu choro é dor e lenço.

Tanto  amei _e, de tal forma,_
que vivi em água morna
tal medo  da ebulição
plantei um incesto na alma
e um sim no coração.

Meu amor, porque persistes
em teu desejo por mim?
Há muito que não existes
nestas terras cujo fim
é só pó, melancolia
e o  nada acordar em dia.

Minhas penas não são calmas.
Ora são adornos, palmas
de quem vive em passarelas
ora são dor de viuva
vinho seco tinto e uva
castanhas e  mozzarella.

Meu amor, porque insistes
em ser meu, após  escarpas?
Pra cada escara a  escora
há muito que tu escapas
de uma onda havaiana
se mal cabes onde existes
se vives depois da hora?


publicado por SISTER às 13:40

31
Out 10

Assim vestida de adeus
enfrento esta correnteza
que não se enquadra entre os tantos
preferidos gestos meus.
Eu, que de adeus adoeço
misturo todos acenos
em até breves amenos.

De ser  avessa às certezas
misturo fim e começo
faço o passado ausente
e  me tranco a sete chaves
em reuniões e conclaves
com que moldo o futuro
como se fosse presente.
Assim vestida de adeus
perco-me em iguais defesas
tantas de toda gente
e quando alguém se vai
eu sinto, uma vez mais,
que sou eu a grande ausente.

publicado por SISTER às 11:31

05
Out 10

Amarro-me em beijo intenso
e caio de morte e medo
em pouso de lábios breves.

Cansei de viver aos trancos,
desnutro-me em grãos de susto
onde um tufão imenso
_nem era, era só entulho_
tropeça em tempos graves
e passa como entreato
do drama onde não atuo
ao desabar do barranco
_apaludo a histeria em surto_

E, findo o primeiro ato,
sucatas de uma sonata
são ecos  dos meus recuos
que de proteção, me excluo.

Torrentes levam ao degredo
correntes, gancho sem dedos
a tecer  os elos das contas
onde em gestos compulsórios
me esqueço do provisório

pois tudo acabou mais cedo.

Aquilo que não me contas
são fontes do  meu segredo:
é tudo o que não dei conta
avessa ao amor em curto
que acaba em curto-circuito,
nem chega a cravar história.

Imploro imortalidade,
em igual duração de beijo.

Depende do outro lado
do outro que está fadado
a ser posse da vontade
que arrasa por ser despejo
de enganos, _mas fica assim!_


Nas costas, dedos cruzados
meu sonho é desprender grades
liberta ainda que tarde
fecharei a sete chaves
todos senões e afins.
E,  posto, que existe um fim,
faço acerto dos mais graves
com o  não e, no verso, sim.


publicado por SISTER às 17:05

11
Jun 10

Faremos
esta inevitável andança pela vida.
Levaremos
florais e coisinhas eventuais.
Mochilas nas costas,
metas não convencionais
traçadas em mapa
a serem desvendadas
ou, em passadas construídas
durante a caminhada.


Atravessaremos a grande duna.
Escorregaremos por encostas
macias, fora da gente,
sovando de repente,
dentro do peito, escarpas
desvendaremos as lacunas
ou será que construiremos vazios
em repetidos rodopios
nas pegadas que desfizemos?


Qual o ângulo certo do compasso?
A lacuna parida
é a meta que escondemos?
Nosso tesouro e segredo
é o nosso camuflado medo?


Acertaremos o passo
e as conveniências...
Precisaremos
de cordas de sisal
hífens e combalidas reticências,
atando por dentro
o que for preciso lá fora.


Espaço não avistado agora,
sentido inominado escora
no impulso, o atributo.
Escalaremos ainda
a emoção da aventura
do peito, interna catedral,
pedras de dores mumificadas.


Rencaminharemos ao paraíso, o fruto!
Acharemos um rio de corredeiras.
Um de nós enfrentará o vôo nas águas
Outro, ficará à beira,
pescando tambaquis
colhendo folhas de bananeiras
e frutos de jataí.


Lançarei o anzol ao fundo do coração
e lá serão fisgados
a dor, a complacência,
os alevinos embriões de amor
em não vivida inocência.
Pararemos em alguma estação
qualquer, Esperança ou Paz.
Tanto faz,
que o sentido maior
é a emoção do mutirão.


Teus olhos confirmarão
advérbios de algum lugar
e escorrerão por entre os dedos
das minhas mãos,
poeira invisível
ânsia insana da busca palavra certa,
aquela que te impressionaria
pouco mais que o sofrível.


Na palma da mão aberta
a inconfidente alegria
dos rabiscos e riscos
do verbo mais-que-amar.




publicado por SISTER às 10:20

31
Mar 10

Nômades são os limites
de mim em estado de caça,
presa livre, bom alvitre.

Não te esqueças jamais
da prece, do olhar da graça
que em pedra imolei a ti.

Bom teu cheiro, bem te vi,
verde estavas como menta
eu, queimando à pimenta
a violar ritos tribais
e cárceres menstruais.

Há uma toada na serra,
um choro, não existe mais,
_porque desprezam os pardais?_
de tanto amar, virei terra

publicado por SISTER às 14:31

08
Mar 10

Metade de mim é feliz


 a outra, pensa que é.


Metade de mim cheira a anis,


a outra segue o café,


aroma que invade a casa


 a me acordar para o sonho


 da outra, metade em mim,


que pensa que é feliz,


 mas sonha em  ser a outra,


 feliz metade de mim


esta,que nunca o diz,


por conta de ser assim



Metade de mim está aqui


 a outra não está a fim.


 Insatisfeita que é


 vive daqui pra  ali


 no cálculo  de cada hora


 que faz o tempo ir embora.


Numa, a espera se aquieta.


 noutra, vive de demora



A acima supra citada,


minha promeira metade,


 feliz, se agarra na fé


varre da lida o choro


 tem a alma ao rés do chão


deixa a paixão bem quieta.


tem o agora como meta


 abre mão da liberdade


tal e qual dorme um cachorro


 na beirada do fogão


 


A outra num louco afã


tem olho e jeito de gato


 esquiva, foge do fato


 a pensar no que não deve


 e até despreza a lua


num antever do amanhã.


Esta espécie de criatura


gosta mais de andar nua


 e, às vezes se nada segue


 parte  pra tal de escritura


 de versos de ser ou não,


jamais feliz, sempre alegre.

 

publicado por SISTER às 16:25

 Enche a taça da tua alma
de aragem, cheiro de tarde,
 separe em marcas vazias
 de baixos relevos e aguarde
a plenitude da ausência
na escultura dos lençóis.

Com ritmo, bate a mistura
 pede ao garçon si  bemol
 na  batucada de um drinque
que em magia de alquimia,
 o ponto de amar se apura.
 
Mergulhe em  saudade imensa
 de algo  jamais possuído
 num desamparo que arde
 Van Gogh em  girassóis.
 
Derrame o  desejo excluído
em banzo de meio dia.
Sinta o cheiro do café
incitando a comunhão
entre o torpor da fé
  e  o espreguiçar  no capim
Ângelus, vésperas na Sé
 aroma de beijo e jasmim.

Oferte teu coração
 ao deus da noite que aponta
e brinde com aquela taça,
aquela que  disse acima.
O anis invade o amarelo
e vai enfeitando o clima
o resto  mistura e não conta

Não deixe que se desfaça
no calor da boca, o gelo
 e...põe o amargo no prelo...

Entorne-me em  seu abraço
e na mais perfeita paz
 beijo feroz, sem prefácio
 o resto é demais da conta

Feche a conta, presto, pronto
o resto, em noite de ronda,
só há meio-fio, neon
 um choro chamado Odeon
depois, lógico, um jazz!

 

publicado por SISTER às 16:23

Cultivo um  arco de íris
canteiro, inteiro, matizes
 num circuito  de pupilas
igual  ramagem de luz
 que no céu faz -se tão ser
qual morrer de brilho e cruz
nos trilhos do entardecer.

Pesa-me  não saber
cores do lado de lá.
nos semi-tons da argila
cores terra, terracota
 do seco humano da crosta
 terrestre, onde não brilha
_vide ausência de brotas_
o verde tom maravilha

Roxo é ultravioleta
movimento é borboleta
nesse meu mundo de cá
bem pouco sei do lilás
 de cores, asas do olhar
 bem pouco sei, aliás,
 de flores, desabrochar

Cultivo um arco de íris
canteiro, inteiro, matizes
milagre de não saber
 nesse vôo de não ser
em trilhos de sntardecer.




 

publicado por SISTER às 16:21

29
Jan 10

Eram  estátuas de cor
cinza, almas  doídas
 lágrima, pedra moída
 era de sangue a argamassa
um colo de mãe puído
 madona da paz caída.
 
Era um cristo redentor
 luz dissipando a fumaça
 no meio de mim, bem aqui,
 chegava uma dor daí.

Tinha cara de criança
pernas de colunas tortas
olhar de dardo e flecha
  uma dor caída em si
 tinha face de esperança
ciente, gritante, exposta
fratura que não se fecha
tinha cara de criança.

De cá, de lá, do bem fundo
 das veias do coração
das beiras, curso do mundo
um rio de dor oriundo
de  um ser e não, doação,
uma ferida no chão
uma fenda em mim _ Haiti.


 

publicado por SISTER às 11:19

03
Dez 09

Sofro de insuficiência
de bemequeres no mundo
pele, superfície e fundo
irrompe um haiti submundo.
Em friorentas manhãs
 na quina da minha rua
minh'alma,sentada e nua,
 treme de febre terçã

sofro de hipoglicemia
por quaisquer doces de amor
meu querer_ há muito, morto_
 se  desnutriu de magia
morre de puro amargor...

...Ando com bicho de pé
 em reta de se andar torto...

...sofro, idem, de urticária
da corte noticida_errei!_
 quis dizer "noticária"
sofro sim e, como sei,
de ser agora e ser ex
de ser notícia da vez
de ter estado em você
de não ser, mais uma vez
de mal estar_ cidadã!

doente de indagação
há muito sem indignação
caíram as minhas pontes
 da boca, da altitude
desligada, sou demente
do germinal  e das fontes,
cultivo de amor sustentável
que era meu coração.

...Suicídio com inseticida
empesteia, despenteia
 onde eu era quando gente?

publicado por SISTER às 14:13

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