O palhaço chora as mágoas
que carrega em seu viver,
afogando-as nas águas
do seu pranto, a escorrer.

Palhaços na existência
somos todos, alguma vez,
quando por conveniência
disfarçamos a carência.

Colorindo nossas faces
com as cores que nos convêm,
tenta-se mostrar ao mundo
aquilo que não se tem.

E subimos ao picadeiro,
transformados por inteiro
numa imagem de alegria.

Transformamos sob a tinta
que a nossa face pinta,
sofrimento em euforia.

E rindo das nossas dores,
sorrimos a falsos amores.
Palhaços somos! Atores!

Tantos sentimentos esbanjados,
amores mal direcionados,
carinhos não distribuídos...
Palavras lançadas ao léu,
olhos cobertos com véu
que impede a observação
- veem mas não enxergam
com os olhos do coração.
São tantas coisas, são tantas,
que já nem sabemos quantas
já se foram ou que virão.
Se nada na vida é eterno,
por que desperdiçar os momentos
que se apresentam tão ternos?
Não, eu não desperdiçarei
- e  neles, eu viverei,
até a minha exaustão.
E, quando eles se forem,
como se vão os amores
e, também, todas as dores,
eu pensarei - que importa?
Enquanto duraram, soube
que eu não estava morta !

      Ontem, eu senti falta
      de alguém ao meu redor.
      Se a emoção fica em alta,
      a carência é bem maior.

      Olhei com todo cuidado
      para tentar encontrar
      - nada vi, e resolvi
      meu anúncio publicar.

      Não tenho um molde acabado,
      somente algo esboçado
      do que seria, pra mim,
      um candidato adequado.

      Eu sou um pouco exigente,
      então fica complicado
      - precisa ser atraente
      pra eu querer ter do meu lado.

      Atraente em que sentido?
      ( decerto perguntarão).
      Então, deixo esclarecido
      que itens eu classifico
      como quesito atração.

      Em primeiro, o visual
      que deve ser bem legal,
      junto ao intelectual
      que é pra lá de essencial.

      Há um item importante
      que precisa ser lembrado:
      chatice não, por favor,
      ou é desclassificado.

      Seria bom se gostasse
      - mas não seria obrigado -
      de me ouvir, vez em quando,
      dedilhando o meu teclado.

      E as mãos... têm que ser belas
      pois gosto de olhar pra elas.
      Ah, mas não posso esquecer
      mais uma coisinha... pouca...
      tem que ter lindo sorriso
      e saber beijar na boca.