Que pena dessa garota
Com a roupa toda rota
quase que estava nuinha
falando com meus botões
emprestei-lhe os meus calções
fiquem só em camisinha.
Que pena dessa garota
Com a roupa toda rota
quase que estava nuinha
falando com meus botões
emprestei-lhe os meus calções
fiquem só em camisinha.
Eu sou um pecador! Quem não sabia?
É que segundo reza a escritura
Mesmo que seja justa a criatura,
Peca por sete vezes, cada dia.
E quantos mais pecados eu faria
Se minha musa fosse menos pura,
Fosse comigo à noite prá loucura
Fantasiar as cenas da euforia.
Ah! Pensamento louco, meu algoz,
Porque me deixas ir com ela, a sós,
Se eu não resisto a tanta sedução?
Ela é o meu maior mortal pecado
Leva-me pelas noites do meu fado
A beber malvasias de ilusão.
O invejoso pretende ir ao mais alto
A vomitar os seus ascos de fel,
Como o bandido que pensa um assalto
Com as idéias de Maquiavel.
Nem repara que anda a falar sozinho,
Coscuvilhando com os seus botões.
Padre doido que vai pelo caminho
A ruminar os seus próprios sermões.
Sombria mente, que em dado momento,
Pensa até que a maldade é um talento
E usa-a em seu próprio proveito.
Espírito em satânica explosão,
Ciúme dum avesso coração,
A catar lixo à procura dum peito!
Nas mãos, tenho a leveza da ternura,
Na pele, sinto a falta de carinho,
Ainda tenho a alma como arminho,
Sou um resto de amor, de alguma jura.
Na boca, tenho a fome negra e dura,
Moro na rua, como um cachorrinho,
No peito tenho medo, sou sozinho,
No coração, a sombra da amargura.
Ah! Mundo tão cruel e tão impuro,
Ainda sou a flor do teu futuro
Mas sinto um pesadelo de gatilho.
Ó Homem que ainda crês em algum Deus,
Eu sou um dos mortais pecados teus,
E, quer queiras ou não, eu sou teu filho!
Nas mãos, tenho a leveza da ternura,
Na pele, sinto a falta de carinho,
Ainda tenho a alma como arminho,
Sou um resto de amor, de alguma jura.
Na boca, tenho a fome negra e dura,
Moro na rua, como um cachorrinho,
No peito tenho medo, sou sozinho,
No coração, a sombra da amargura.
Ah! Mundo tão cruel e tão impuro,
Ainda sou a flor do teu futuro
Mas sinto um pesadelo de gatilho.
Ó Homem que ainda crês em algum Deus,
Eu sou um dos mortais pecados teus,
E, quer queiras ou não, eu sou teu filho!
A semente do amor que germinou,
Na terra mais feliz do meu canteiro,
Foi escrita com a cor do meu tinteiro
Com a forma que o sonho desenhou.
O poeta ao escrever se emocionou,
Ao ver tão bela flor de amor-perfeito,
Com a medida exacta do seu peito
E odores com que o amor a perfumou.
Desejei essa flor pra minha vida,
Essa beleza pura e colorida
Que alguma jardineira imaginou.
Não te iludas ó meu coração triste,
Que a flor de amor perfeito só existe
Na mente do poeta que a sonhou.
Te Escrevo este poema pra dizer
Ridicularidades sem sentido,
Porque sempre me sinto inibido
De te falar das coisas do prazer.
E nas cartas de amor que te escrever,
Vou-te falar na cor do teu vestido,
Com receio de ser mal entendido
E o corpo que o usa se ofender.
As conversas de amor não são pensadas...
E sempre saem meio atrapalhadas
Pois não vêm da cabeça mas do peito.
Tantas coisas que eu tento te falar,
Mas a garganta teima em se embargar
E para te dizer não acho jeito.
Tu és a paz divina, a emoção,
A beleza que Deus imaginou,
A deusa a quem se reza uma oração.
Eu sou um terrorista irreverente,
A raiva imperdoável suicida,
A teimosia, o grito inconsciente.
Tu és amor e há flores onde caminhas,
Melodia suave em voz dorida
Que adormece, à noite, as criancinhas.
Eu sou um verso louco, sem medida,
Disparado em forma duma flecha,
Atravessando o peito duma vida.
E no entanto...
Deus, como te amo tanto!
O meu rio e o teu mar
Estão ligados pela foz:
Doces detalhes de nós
Que teimam em nos juntar.
Onde o meu rio se esvai
É no rol dos teus recados
Agri-doce que me atrai
Ao teu mar dos meus pecados
Entre o meu norte e o teu sul
Há um deserto de azul
Que é o sal do meu lamento,
Mas nessa distância, agora,
A lonjura é só por fora
Pois estás bem perto por dentro.