Peguei numa paleta, em pensamento
Tomei os meus pincéis de colorir
E as tintas misturei, sempre a sorrir,
Pedindo à brisa que mudasse em vento.
A chuva veio dizer-me, num momento,
Que também tinha gosto em assistir
À mistura que eu fosse conseguir
Para expressar, na tela, o movimento.
E o vento, prosseguindo a sua rota,
Sorve, na boca, a chuva, gota a gota,
Sentindo o sopro forte bem molhado.
Com as tintas aceitando tais rigores,
Abraçaram-se todas em mil cores
E, de arco íris, o vento foi pintado.