Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

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Nov 07
Sou daqui.
Aqui plantei meus pés de pouco alcance. Não maiores que  as raízes gramíneas das bananeiras são minhas trilhas. Do semi árido sou.
 Confusos são meus sentidos, pendulares meus pesares. Entre  a estagnação morna da lombeira e  dos ventos desérticos dos meus anseios, vôo e caio. Sinto e não. Desmaio.
Não me levo à sério. Aqui, a vida  é séria piada, milagre empacado.
Às vezes sonho com cordilheira, picos de longo curso. Em oceanos de ficção, naufrágio seco.
Desaprendi o desejo. Sei sim da saciedade imediata  da terra e dos bichos a  subir - me pés acima como a seiva pouca dos gravetos.
 Da beleza minimalista, sei da florada dos ipês  meio à bruma das queimadas e dos mulungus vermelhos, casa  dos melros martelos.
Do espanto, sei do olhar  imenso do menino  de barriga d'água que me retrata em vagalhões de pestana .
Da ética, sei  dos pecados  da fome e dos limites de arame farpado, onde  a fruta  do vizinho cai.
O tempo  é curto. Sempre é do lado de lá. Quando foi ontem.
Da ontologia, especulações de ser, sei da morte, ambígua entre a seca e a florada, onde se recomeça ao fim chegado.
Aqui se fica. Aqui não se faz. Quem vai, vai ferido. É como esgarçar-se, ir embora. Pega-se estrada granulosa, como no peito das crianças, são os caminhos, filigranas, estupor de  catapora.
Sou sertaneja: na cabeça o torço, a água, mentiras de mar; pele de cabra, carne de terracota, fala de  cordel. Mel? Beijos de umbu,língua de mangaba. Meu peito dá leite e fere.
 Sou sertaneja, ora, pois sou. Louvo aos céus, braços de mandacaru.

publicado por SISTER às 07:05

Novembro 2007
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