Sou daqui.
Aqui plantei meus pés de pouco alcance. Não maiores que as raízes gramíneas das bananeiras são minhas trilhas. Do semi árido sou.
Confusos são meus sentidos, pendulares meus pesares. Entre a estagnação morna da lombeira e dos ventos desérticos dos meus anseios, vôo e caio. Sinto e não. Desmaio.
Não me levo à sério. Aqui, a vida é séria piada, milagre empacado.
Às vezes sonho com cordilheira, picos de longo curso. Em oceanos de ficção, naufrágio seco.
Desaprendi o desejo. Sei sim da saciedade imediata da terra e dos bichos a subir - me pés acima como a seiva pouca dos gravetos.
Da beleza minimalista, sei da florada dos ipês meio à bruma das queimadas e dos mulungus vermelhos, casa dos melros martelos.
Do espanto, sei do olhar imenso do menino de barriga d'água que me retrata em vagalhões de pestana .
Da ética, sei dos pecados da fome e dos limites de arame farpado, onde a fruta do vizinho cai.
O tempo é curto. Sempre é do lado de lá. Quando foi ontem.
Da ontologia, especulações de ser, sei da morte, ambígua entre a seca e a florada, onde se recomeça ao fim chegado.
Aqui se fica. Aqui não se faz. Quem vai, vai ferido. É como esgarçar-se, ir embora. Pega-se estrada granulosa, como no peito das crianças, são os caminhos, filigranas, estupor de catapora.
Sou sertaneja: na cabeça o torço, a água, mentiras de mar; pele de cabra, carne de terracota, fala de cordel. Mel? Beijos de umbu,língua de mangaba. Meu peito dá leite e fere.
Sou sertaneja, ora, pois sou. Louvo aos céus, braços de mandacaru.
Aqui plantei meus pés de pouco alcance. Não maiores que as raízes gramíneas das bananeiras são minhas trilhas. Do semi árido sou.
Confusos são meus sentidos, pendulares meus pesares. Entre a estagnação morna da lombeira e dos ventos desérticos dos meus anseios, vôo e caio. Sinto e não. Desmaio.
Não me levo à sério. Aqui, a vida é séria piada, milagre empacado.
Às vezes sonho com cordilheira, picos de longo curso. Em oceanos de ficção, naufrágio seco.
Desaprendi o desejo. Sei sim da saciedade imediata da terra e dos bichos a subir - me pés acima como a seiva pouca dos gravetos.
Da beleza minimalista, sei da florada dos ipês meio à bruma das queimadas e dos mulungus vermelhos, casa dos melros martelos.
Do espanto, sei do olhar imenso do menino de barriga d'água que me retrata em vagalhões de pestana .
Da ética, sei dos pecados da fome e dos limites de arame farpado, onde a fruta do vizinho cai.
O tempo é curto. Sempre é do lado de lá. Quando foi ontem.
Da ontologia, especulações de ser, sei da morte, ambígua entre a seca e a florada, onde se recomeça ao fim chegado.
Aqui se fica. Aqui não se faz. Quem vai, vai ferido. É como esgarçar-se, ir embora. Pega-se estrada granulosa, como no peito das crianças, são os caminhos, filigranas, estupor de catapora.
Sou sertaneja: na cabeça o torço, a água, mentiras de mar; pele de cabra, carne de terracota, fala de cordel. Mel? Beijos de umbu,língua de mangaba. Meu peito dá leite e fere.
Sou sertaneja, ora, pois sou. Louvo aos céus, braços de mandacaru.