Não sei porque os poetas
Ainda não falaram
Dos orgãos do sentido
Existirá de fato, motivo?
As maravilhas que existem é com eles
Que sentimos...
O cheiro bom do mato
Da chuva que molha a terra
De maresia na arrebentação
Mas que cheiro tão bom!
Peixe frito que delícia
Café torrado e moido, lembrando
o sertão.
As borboletas, os pássaros
A céu azul de anil
A flor no seu desabrochar
Coisa mais linda não existe
As mãos postas a orar
O moço bonito que parece um artista
Tudo isso e muito mais é com os
olhos que consigo enxergar
Aquela música suave
Que explode no silêncio da noite
Os passarinhos a cantar
O riacho a murmurar
Abelhas zunindo nas flores
O choro que dá vida a criança.
Tudo isso e muito mais é com meus ouvidos
que consigo escutar.
O gosto bom do melado
Da rapadura e do pão
Da uva que faz o vinho
Do leite bem fresquinho
Do queijo derretido
e também assado
Do favo cheinho de mel
Tudo isso e muito mais eu consigo
sentir com o meu paladar.
O tato bem aprimorado
Conheço de olhos fechados
o rosto do meu amado
O abraço apertado,
é com o tato que sinto
o corpo de alguém desejado.
Mas...é com os lábios colados
em um suave beijo que reconheço
os lábios de quem está apaixonado.
Cheiro, visão, audição, paladar
São bons!
Mas... para mim vou confessar
o melhor é o tato.
Nelim Monti