No azul que vai nos azuis do céu,
é que eu tenho tudo que é meu,
esperanças que me são devidas,
e as vidas por mim já vividas.
Qual um pássaro que trouxesse,
pedacito do céu que lá houvesse,
um tracito quereria só para mim,
para desenhar uma casita enfim.
A horizonte iria buscar vasto mar,
para o jardim medrando banhar;
e as madeiras eram só recicladas,
com as fileiras mui bem aparadas.
O ocaso não era longe de onde sou,
tosco barco às minhas águas cismou,
à deriva boiava com sentido norte,
e eu e ele buscamos a mesma Sorte.
Nado sol lá estou eu a me madrugar;
remo em círculos sempre a aumentar,
a cadência dos braços; e na lonjura,
a casita que acabou co minha tortura.