Não bailas, bailarina, tu deslizas
No palco... e meu olhar que te percorre
Soluça a solidão que suavizas
Com cada gesto teu que me socorre...
Não danças, bailarina, tu flutuas,
Levitas com suaves movimentos
E mesmo sem querer tu atenuas
As dores dos meus tristes sentimentos.
Com leves rodopios, multiplicas
Teu corpo em outras tantas bailarinas;
O meu olhar desmaia onde tu ficas
Num êxtase de trôpegas retinas...
E quando dás o teu último passo,
A solidão das tuas sapatilhas
Aguarda mais um lírico compasso
No palco delicado onde tu brilhas.
Meu coração, então, apaga as luzes
E eu sonho ser o teu único par,
Tu danças, bailarina e me conduzes
À solidão sutil... do teu olhar.