Meu andar pé ante pé
não machuca a plenitude
não se intromete na fé
do teu ser em quietude
por meu desmerecimento
que antes quis traçar um jeito
de dar norma aos sentimentos
que só fez magoar o peito
transbordante qual açude
num querer em amplitude.
Lá no sotão da saudade
da casa da minha avó
minha credibilidade
era em ti, ou estar só.
Sinto muita dor e inchaço
desde que caí, eu acho,
desde que morreste, penso
meu choro é dor e lenço.
Tanto amei _e, de tal forma,_
que vivi em água morna
tal medo da ebulição
plantei um incesto na alma
e um sim no coração.
Meu amor, porque persistes
em teu desejo por mim?
Há muito que não existes
nestas terras cujo fim
é só pó, melancolia
e o nada acordar em dia.
Minhas penas não são calmas.
Ora são adornos, palmas
de quem vive em passarelas
ora são dor de viuva
vinho seco tinto e uva
castanhas e mozzarella.
Meu amor, porque insistes
em ser meu, após escarpas?
Pra cada escara a escora
há muito que tu escapas
de uma onda havaiana
se mal cabes onde existes
se vives depois da hora?