De tantos e transloucados delírios,
Fez-se a vida em miragem... utopia...
Como se fossem normais os martírios,
Todo sentimento se convertia em poesia.
Um sentir jamais sentido... vivido...
Um viver oco... à beira do abismo...
Corpos e almas quase destruídos...
Reféns de mórbido sonambulismo.
Miragem de um mundo cor-de-rosa...
Ilusória transmissora da felicidade...
Impostora irresponsável, insidiosa...
Semeou apenas muita dor e saudade!
Visagem que coloriu tudo de azul...
Mostrando das manhãs belas alvoradas.
Desenhando estrelas do norte ao sul...
Onde só havia a aridez das estradas!
Chega de miragem, de utopia, fantasia!
Converto-me em calcário... em frio gelo!
Aparto-me de ti... da tua imbecil alegoria,
Jamais voltarei a atender teu pérfido apelo!