São pedras, tantas pedras no caminho,
Pedras angulosas... ponteagudas!...
Que acredito não ter fim meu pelourinho
Nesta vida de batalhas infindas, absurdas!
Pedras carrego... pedras recolho...
São predradas injustas... confesso...
Pedras cegam-me a razão... o olho...
Sangrando... mais um dia atravesso...
Pedras e pedradas... vou guardando...
Quiçá... delas... faça minha fortaleza...
Para vencer o destino e seu desmando.
Libertar-me-ei enfim... da cruel torpeza...
Pedras... são tantas pedras, tão imensas!
Que mal posso viver... andar ou pensar...
São lágrimas... são dores tão intensas!
Que de mim não posso mais arrancar!...
Se não posso vencê-las, delas vou me armar.
Com elas... erigirei meu tão sonhado rincão...
Tão doce... tão ameno como o verbo amar...
Todas as pedras hei de pisar, calcar ao chão!
Pedras são duras... não conhecem afeição!
Só atira pedras... quem não tem coração!