Quando o luar tristonho se despede
E as estrelas fogem do meu céu...
Um arrepio percorre a minha pele
Lágrimas doridas vão vertendo ao léu...
Meu horizonte se mostra tétrico, nebuloso,
Não há amanhã... nem esperança no futuro.
Lufadas geladas... chicoteiam meu rosto...
Minha alma vaga por labirintos tão escuros!
Há tantas cartas rasgadas, tantas em branco.
Tantos gritos desesperados e mudos!...
Morreu nos meus lábios o riso leve e franco...
Rodeiam-me sentimentos ruins e absurdos!
Protelo... protelo... só faço a realidade protelar,
Meus direitos não são meus... não... não são!...
São mágoas e dores... que devo trancar, arquivar
No desmantelado, fraco e quase morto coração!
Não há mais ilusões, não há sonhos para sonhar.
Meus pés temem o negror do profundo abismo...
Fogem das águas furiosas desse irado mar...
Porém, seguir sempre em frente... é preciso!...
É preciso exorcismar emoções, matar a esperança,
Encarcerar o maldito coração... parvo... e sem juízo!...