Faremos
esta inevitável andança pela vida.
Levaremos
florais e coisinhas eventuais.
Mochilas nas costas,
metas não convencionais
traçadas em mapa
a serem desvendadas
ou, em passadas construídas
durante a caminhada.
Atravessaremos a grande duna.
Escorregaremos por encostas
macias, fora da gente,
sovando de repente,
dentro do peito, escarpas
desvendaremos as lacunas
ou será que construiremos vazios
em repetidos rodopios
nas pegadas que desfizemos?
Qual o ângulo certo do compasso?
A lacuna parida
é a meta que escondemos?
Nosso tesouro e segredo
é o nosso camuflado medo?
Acertaremos o passo
e as conveniências...
Precisaremos
de cordas de sisal
hífens e combalidas reticências,
atando por dentro
o que for preciso lá fora.
Espaço não avistado agora,
sentido inominado escora
no impulso, o atributo.
Escalaremos ainda
a emoção da aventura
do peito, interna catedral,
pedras de dores mumificadas.
Rencaminharemos ao paraíso, o fruto!
Acharemos um rio de corredeiras.
Um de nós enfrentará o vôo nas águas
Outro, ficará à beira,
pescando tambaquis
colhendo folhas de bananeiras
e frutos de jataí.
Lançarei o anzol ao fundo do coração
e lá serão fisgados
a dor, a complacência,
os alevinos embriões de amor
em não vivida inocência.
Pararemos em alguma estação
qualquer, Esperança ou Paz.
Tanto faz,
que o sentido maior
é a emoção do mutirão.
Teus olhos confirmarão
advérbios de algum lugar
e escorrerão por entre os dedos
das minhas mãos,
poeira invisível
ânsia insana da busca palavra certa,
aquela que te impressionaria
pouco mais que o sofrível.
Na palma da mão aberta
a inconfidente alegria
dos rabiscos e riscos
do verbo mais-que-amar.