Na minha rua um mundo de simpatia
Gente alegre que se estimavam
Movimento maior pela manhã
E na hora de retorno do trabalho
Ninguém fugia do batente
Ia bem alegre e voltava contente
À única coisa que não harmonizava
Era uma chácara com muitos frutos
Que maduravam no pé
E caiam para apodrecer no chão
Inútil bater palma o dono não vinha
E quando vinha se recusava em atender pedido
A criançada olhava com jeito de pidão
Mas o dono não estava nem ai
Não dava não vendia e não trocava
Produzia tristeza e desilusão
Era a parte fraca da rua
O único elo solto, fugindo do padrão
De cortesia e fraternidade
Causava tristeza e até depressão
Nem tanto por deixar de comer tantas
Frutas diversas
Sim, vê-las maduras jogadas ao chão
A cerca de arame farpado protegia
A ausência de proteção
Mas um dia a tristeza se foi
Dona Mariazinha a Rezadeira
Mostrou o que todos viam sem ver
As frutas bicadas pelos pássaros
Num sinal claro que para eles era alimento
Daí se começou a reparar nos sanhaços
Sabiás, Trinca Ferros, Bentevis
Uma diversidade imensa de pássaros
Que embelezavam a Rua
O Senhor Chico Horror, dono da chácara
Passou a se chamar, Senhor Chico do Amor