Me ovularam cedo demais
romperam o casulo em que eu dormia
eu sei que este não é o meu mundo
sinto no ar gemidos do vento
que reclamando com o tempo
parece ter dó de mim ...
Podaram minhas asas
escureceram meu arco-íris de cores
não posso voar e sonhar qual borboleta
meus desejos ficaram inibidos
escondidos num pote de ouro
onde os duendes guardaram para si ...
Por trás desta tela
um olhar questionador
que observa e acusa, numa reclamação muda
de quem conhece o tamanho da minha dor
enquanto eu inerte
deitada em meu casulo, aguardo
que meu destino se cumpra
me adormeça num sono profundo
e me mande de volta para meu mundo ...
Não ve que sou um anjo
se fosse borboleta, mesmo sem asas, rastejava
mas anjo sem asas, não consegue voar ...
Cel (Cecília Carvalho)