Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

19
Mar 10

Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole
violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas
dúvidas.



- Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o
céu e o inferno.



O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro
e, simulando desprezo, lhe disse:



- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro
é insuportável.



- Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para
a sua classe.



O samurai ficou enfurecido. O sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguiu
dizer nenhuma palavra, tamanha era sua raiva.



Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o
monge.



- "Aí começa o inferno", disse-lhe o sábio mansamente.



O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara.
Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno.



O bravo guerreiro abaixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo
valioso ensinamento.



O velho sábio continuou em silencio.



Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu
humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz.



Percebendo que seu pedido era sincero, o monge lhe falou:



- "Aí começa o céu".



Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos
construir na própria intimidade.



Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos
no nosso dia-a-dia.



A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do
céu ou o começo do inferno.



É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse
ferramentas e materiais de primeiros socorros.



Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer
objeto do seu interior.



Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o
bálsamo da tolerância.



Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da
autoconfiança.



Quando injúria bater em nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou
o óleo do perdão.



Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da
revolta ou empunhar o escudo da confiança.



Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos
optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação.



Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos
sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do
diálogo que nos possibilite uma solução feliz.



A decisão depende sempre de nós mesmos.



Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.



Portanto, criar céus ou infernos portas à dentro da nossa alma, é algo que
ninguém poderá fazer por nós.



Pense nisso!



Sua vontade é soberana.



Sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave.



Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa
iluminá-la só depende de você.



Pense nisso!

 

publicado por SISTER às 11:02

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