Vamos comentar algumas frases a fim de retirar delas ensinamentos úteis.
Referindo-se ao casal, diz Gibran: Amai-vos um ao outro, mas não façais do
amor um grilhão.
Desconhecendo ou ignorando esta importante orientação, muitos casais
transformam o amor em verdadeiras cadeias para ambas as partes.
O amor deve ser espontâneo. Não pode ser motivo de brigas e exigências
descabidas.
O amor compreende. Não deve se constituir em grilhões que prendem e
infelicitam.
Por vezes, em nome do amor, nós queremos que nosso companheiro ou
companheira faça somente o que desejamos.
Só corta o cabelo quando permitimos. Só pode usar as roupas que aprovamos.
Só sai se for em nossa companhia e não pode violar as regras estabelecidas
pelo nosso egoísmo, para evitar brigas.
Isso não é amor, é prisão.
Amar sem escravizar, eis o grande desafio.
E o profeta aconselha:
Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço.
Isto significa dizer que devemos compartilhar, ser gentil, dar do nosso
pedaço, mas sem exigir nada em troca.
É comum depois da gentileza vir a cobrança. Fazemos um favor e esperamos
logo alguma recompensa. Pretendemos tirar alguma vantagem.
Dividir o pão, sim, mas não comer do mesmo pedaço. Isso quer dizer deixar ao
outro o direito que lhe cabe do pedaço.
E Gibran continua: Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada
um de vós estar sozinho.
É importante compartilhar, mas saber respeitar a individualidade um do
outro, sem invadir a intimidade da pessoa amada.
Há pessoas que, se pudessem, controlariam até mesmo o pensamento do seu par,
a ponto de torná-lo a sua própria sombra.
Isso não é amor, é extremado desejo de posse.
Mais uma vez Kalil Gibran aconselha: Vivei juntos, mas não vos aconchegueis
em demasia, pois as colunas do templo erguem-se separadamente, e o carvalho
e o cipreste não crescem à sombra um do outro.
Grande ensinamento podemos retirar daí, pois a comparação é perfeita.
Viver juntos, mas cada um respeitar o espaço do outro.
O lar é um templo que deve ser sustentado por duas colunas: cada uma na sua
posição para que realmente haja apoio.
Se as colunas se aconchegam em demasia, o templo pode desabar. Por isso o
profeta recomenda: Vivei juntos mas não vos aconchegueis em demasia.
O amor tem por objetivo a união e não a fusão dos seres. Não se pode querer
viver a vida do outro, controlar os gostos e até mesmo os desgostos da
pessoa com quem nos casamos.
É preciso que cada um cresça e permita o crescimento do outro, sem fazer
sombra um para o outro.
Se os casais observassem esses pequenos mas eficientes conselhos, certamente
teriam uma convivência mais harmônica e mais agradável.
* * *
O verdadeiro amor é aquele que compreende, perdoa, renuncia.
Em nome do amor devemos estender a mão para oferecer apoio e não para
acorrentar.
Quem ama propicia segurança, confiança e afeto.
Lembre-se de que a pessoa com quem você convive não lhe pertence. É uma alma
em busca do próprio aperfeiçoamento, tanto quanto você.
Lembre-se também que beijos e abraços só têm valor se não forem cobrados.
E, por fim, guarde a recomendação:
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão.