Não há um espanto um sorriso
sequer que no rosto se mostre
de duvidas e de incertezas vãs
são os meus dias por minha angustia.
Dias que passam sem um único
ruído deixam-me a sós comigo
e no esvoaçar das andorinhas
há uma tristeza que bem vejo.
É vê-las a voar rodopiando a janela
há espera de me ver assim com elas
brincar, mas se há felicidade eu
nunca a vi, sempre um menino triste.
Lá fora já nada existe de concreto
apenas reconheço a escuridão deste
quarto, que me consome, hora a hora
sem que venha de lá um golpe de asa.
Inerte me conheço ser frágil aos demais
que lutou pelos outros nas páginas
manuscritas de um livro de poesias
que me abandonou sem qualquer glória.
E enquanto olho o tecto do quarto escuro
fantasmas vestem-se de inverdades e
ilusões, que me pressupõe ser incoerente
que abandonado se vê para este mundo.
Aonde antes havia riso agora se denota o
choro mais sofrido, de quem sofre em
silêncio todas as atrocidades de mil povos
desgarrados e sem voz que lhes valha.
Absorto em mim a depressão tomou-me
em mãos, recusando-se a largá-las
com medo das desilusões que espreitam
em cada esquina de roupas parcas e sujas.
Porque o que me dói, dói por dentro
não por fora, como se se tivesse esgotado
toda a palavra inovadora e agora me visse
na contingência de um silêncio tão mais profundo
que o grito se fez surdo no focinho da
palavra. e assim abandonado a incerteza
são os meus dias a passar sem que se note
que algures ainda à vida aqui para ser resgatada.