Em algum lugar do passado deixei meus sonhos,
desfiz minhas malas de afetos pretendidos,
rasguei meus lenços de prantos ,
fechei todas as portas para os amores eternos.
Hoje nem sei onde deixei tanta dor,
nem sei em que momento quebrei ,
em que hora sangrei.
Sigo então, assim sem sensualidade ,
sem esperança,
sem desejos,
caminhando pela calçada,
tão cheia de gente, e rumores,
e me torno então mais uma, só mais uma,
em meio a multidão.
E nem acredito mais que ao atravessar a rua,
vou dar com o passado,
assim de frente,
de cara limpa e o peito cheio de recordações...
e ter aquela sensação de sair de mim,
de expulsar o coração,
de ficar sem saber o que dizer,
o que fazer com as mãos,
mas tendo a insana certeza,
de quem ama,
de,
que valeu por tudo cada momento.
Não terei mais a lucidez dos que abrem os braços.
Porque,
em algum lugar do passado,
me esquecí.