Tudo o que pensar
Se é que quero pensar
Escorre nas mãos do acaso
Entre os dedos magros da imaginação
Dentro da caneta esferográfica
O som do coração do impossível
Acompanha uma canção de amor
Lágrimas se aquecem nos olhos
Imersas na tinta do pensamento
Palavras surgem e ficam soltas
Até serem capturadas pelo papel
A esperança costura as frases
Apagando uma dor sem sentido
A vontade tenta escapar
Mas tudo é lento
Lábios amordaçados
Parece pouco razoável
O próprio sentimento se alimenta
Da impoderabilidade dos acontecimentos
Espírito que permanece na teia da lembrança
Não pode ser apagado
O instante apenas um instante
Beijo mergulhando no passado
E a escuridão chamando a sua língua
Nada é confiavel
Vivo com a luz acesa
Com a porta fechada a chave
Sempre com medo do inexistente