Bem Vindos O que os homens chamam de amizade nada mais é do que uma aliança, uma conciliação de interesses recíprocos, uma troca de favores. Na realidade, é um sistema comercial, no qual o amor de si mesmo espera recolher alguma vantagem. La Ro

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Out 09

 
Um velho apólogo, divulgado em vários países e que pertence à alma do povo, contém ensinamentos filosóficos enriquecedores.
 
Conta que um homem foi convocado a comparecer no fórum para solução imediata dos problemas e dúvidas que lhe manchavam a vida. A condenação era quase certa.
 
Todavia, o cavalheiro que possuía três amigos, vendo-se em dificuldades procurou seus três benfeitores, suplicando-lhes proteção e conselhos.
 
O primeiro falou-lhe com certa arrogância:
 
Não posso fazer nada por você, a não ser arranjar uma roupa nova para que compareça bem vestido diante do juiz.
 
Dirigiu-se então ao segundo amigo e este, muito preocupado, disse-lhe com toda sinceridade:
 
Embora goste muito de voce, nada mais posso fazer, do que acompanhá-lo até à porta do tribunal. Dali não posso passar. Você terá que seguir só.
 
O homem aproximou-se do terceiro amigo e lhe suplicou ajuda. E este, por sua vez, com grande afeição falou-lhe com humildade:
 
Irei com você e falarei em sua defesa.
 
E assim o terceiro amigo fez. Estendeu-lhe os braços, amparou-o em todos os momentos da luta e falou com tanta segurança e com tanta eloqüência em seu benefício, diante da justiça, que o suspeito foi absolvido com a aprovação dos próprios acusadores.
 
* * *
 
A lição do apólogo diz respeito à nossa própria história frente à morte.
 
Todos nós, diante do túmulo, somos convocados a comparecer ante o tribunal da consciência para prestar contas à contabilidade divina.
 
E todos recorremos àqueles que nos protegem.
 
O primeiro amigo, o doador de trajes novos, é o dinheiro, que nos garante o sepultamento.
 
O segundo, que nos acompanha até à porta do tribunal, é o mundo, representado na pessoa dos nossos parentes ou na presença das nossas afeições mais queridas que, com pesar, nos seguem até à beira da sepultura.
 
O terceiro, aquele que irá conosco e falará em nossa defesa, é o bem que praticamos, a transformar-se em gênio tutelar de nossos destinos, e que, falando em nós e por nós, diante da justiça, consegue mais amplas oportunidades de serviço, ou nosso passaporte para esferas mais felizes.
 
E assim como o bem que praticamos abre as portas da felicidade, igualmente as más ações depõem contra nós, enclausarando-nos aos sofrimentos, remetendo-nos junto aos círculos pesados das sombras.
 
Percebemos, então, a grandeza da justiça divina a se concretizar no ensino do Mestre de Nazaré:
 
Cada um receberá conforme as suas obras.
 
Atendamos assim ao bem, onde estivermos, hoje, amanhã e sempre, na certeza de que o bem que realizamos é a única luz do caminho infinito que jamais se apagará.

publicado por SISTER às 07:01

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