Você vai adorar
Quando as palavras dançarem
A última dança da primavera
E os espíritos cantarem
Voltando para casa
Pelas vielas escuras da cidade
Você vai adorar
Quando as moitas de espinhos
Atravessarem o caminho dos inocentes
Rasgando a pele dos arminhos
E a chuva cair sem cessar
Alagando os calçadões das avenidas
Você vai adorar
Quando eu não puder mais
E feito uma bruxa malvada
Pulará em cima da cama
Apenas de calcinha
Dizendo palavrões ancestrais
Você vai adorar
Quando os dentes cairem
E os olhos se esquecerem do céu
Enquanto as mãos fingirem
Não saber que o mal existe
E que nunca vai deixar este planeta
Você vai adorar
Quando os doentes não procurarem
Mais os médicos de branco
E que a cura se encontrará
Nos templos de diamante e ouro
Onde a fé se compra com montanhas de dinheiro
Você vai adorar
Quando as folhas verdes se abrirem ao sol
E secarem em desespero
Sem o conforto dos braços do sereno
Em pleno verão mediterrâneo
Suspirando perfumes do aquecimento global
Você vai adorar
Quando a música acabar
E o silêncio cravar nas pedras dos cemitérios
O doce nome das donzelas
Todo mundo espera uma vontade
Infantil desejo dos famintos pela realidade