Apetece-me brincar rolar na relva
ouvindo o riso das crianças à minha volta
subir nas árvores procurando ninhos
para ver os passaritos de bico aberto
julgando-me um de seus pais tal o enorme
apetite que ao mínimo dos movimentos
os faz abrir a boca de lado a lado
numa súplica desenfreada pelo alimento
fazendo com que seus nobres pais
num corrupio de bater de asas de cá
para lá lhes traga doces insectos e outros
manjares de deuses em voos incansáveis
que quer mãe quer pai não se negam
ante seus pequenos filhos ruidosos.
um pouco mais em baixo as outras crianças
perguntam-me
se já têm os pequenitos os olhos abertos
ou se ainda estão fechados.
digo que «sim» sem pensar nem confirmar uma
ou outra coisa de tão abstraído
que me encontro vendo os novos filhos
da natureza lutando pela vida.
Achando um tanto rude de minha parte
abandonam as crianças a grande árvore
enquanto eu permaneço atento e vigilante
não vá aparecer alguém ou outro animal
querendo fazer-lhes mal.