Sopram os ventos que vêm do Sul,
junto trazem as lembranças,
o cheiro da terra molhada,
a visão das velhas coxilhas,
que o sangue dos farroupilhas,
guardam com muita honra!...
Sabor de mel, doces vivências...
Minha infância,
teu sorriso franco,
o som da tua voz firme,
o calor da tua mão na minha,
uma estrada de flores,
mil cores, teus valores,
minha alegria...
Eu com a certeza que
estarias sempre ali,
forte, vigoroso,
guiando-me nas incertezas...
A menina que o vento embalou,
que os campos da fronteira
viram crescer,
que o teu amor guiou,
hoje, mulher,
o vento que vem do Sul
faz tremer as estruturas!...
Um vento frio, num repente,
do sonho acordou e,
pasma, assustada,
olha teus cabelos brancos,
em teu rosto percebe
um sorriso débil,
como a se desculpar por não ter mais forças,
mostrando
as marcas do tempo que passou...
Meu velho!...
Meu pai!...
Meu amigo,
companheiro de muitas lutas
e outras tantas alegrias...
Longa foi a caminhada!...
Uma vida bem estruturada,
tão certa e segura que
jamais pensei em te ver assim!...
Teu corpo vencido pelos anos,
o que jamais imaginei
aconteceria...
Mas também sei que aquele,
que foi e será sempre meu herói,
está aí, na alma que não se abate,
na cabeça branca que não se dobra,
no orgulho que te fez ser,
por toda uma vida,
gaúcho de uma só palavra!...
Homem dos campos do Sul,
que a fé fez mensageiro do amor e do respeito,
aquele que amou a família e
honrou a Deus!
Homem de fibra, como poucos...
Um ser humano de valor!...
Que Esse Pai,
que tu tanto apregoaste para nós,
permita ainda que tu, meu pai,
possas, mesmo que com passos lentos,
ficar comigo por muitos anos,
para que eu possa aprender muito mais contigo
e, por todos os dias, te agradecer
pelo que fizestes e ainda fazes por mim...
Obrigada, meu pai!...
Te amo e admiro demais...