Novelos, linhas embaraçadas
São como minha vida agora
Novelos de muitas cores
Herança de muitos amores
Fetiche dos meus anseios
Vida de meus devaneios...
Não estou só embaraçada
Estou mesma é toda enrolada
Com minhas lembranças passadas
Vou pensando, tentando agora
Jogar todas as laçadas fora
Sentir-me, novamente, amada...
Parecem tranças da vida
Da vida tão mal resolvida
Que me atrapalho em saber
Mal dizendo, estes novelos
Emaranham meus cabelos
Para depois curtir em tê-los...
Nós, nos meus fios grisalhos
Enrolando os meus pensamentos
Parecem mais uns lamentos
Enveredando soltos se misturando
Imitam mais os retalhos
Restos de grandes frangalhos...
Emaranhado dos meus cabelos
São feitos como novelos
Que querem me indicar
Mas prefiro enrolada estar
Que muita verdade chegar
Sem poder me consolar...
Assim, vou desfiando o novelo
Esfarrapada, mas também inebriada
Pois nestes fios que ainda estão
São fiapos de muita espera
São como se fossem taperas
Agasalhando meu coração...
Tantos nós que me alucinaram
Pessoas que por mim passaram
São desacatos tidos, desilusões
Que já de passada em passada
E com tanta poeira levantada
Mitigaram as decepções...
Vou novamente enrolando
Os novelos, completando
Pois se a vida é um eterno passar
Espero na dobrada da esquina
Possa me reabilitar e tentar
Sem nós para me emaranhar...