Vives teu credo e teu céu,
faminto de fantasia,
na taça de engodo e fel
em berço de nostalgia.
Vives a fama do mito,
a glória fingindo alerta,
ouvidos surdos ao grito,
verdade que não desperta.
Vives em ouro o prazer,
auspício dessas bonanças,
buscando pelo querer
na fé que não mais alcanças.
Vives o sonho em poesia,
enjaulado na loucura
da etérea e triste magia,
num apagar da ternura.
Vives em plena utopia
sem rumo, sem direção,
desperdiçando energia
no vôo da contramão.
Vives, talvez 'inda vejas
as águas das velhas fontes
correndo puras, sobejas,
desvirginando horizontes.