Dos deuses não fui a escolhida para ser rainha
Tenho o rosto mais belo o cabelo longo mais sedoso
O corpo mais perfeito e vigoroso do que as mulheres nobres!
Ao nascer fui agraciada pelos deuses
Com a espada mágica de prata
Queriam-me guerreira corajosa e pronta
Para qualquer batalha e assim
Sempre voltar vitoriosa!
Pertenço à guarda do castelo real
Sou guerreira mas vivo como escrava
Não há abrigo que me guarde de maus tempos
E ninguém que me defenda de inimigos ferozes
Que desejam minha morte!
Minha única guarita são as rochas pontiagudas
Que circundam e protegem o castelo
Vivo alerta não durmo nem de dia nem à noite
Minha espada está sempre pronta em minhas mãos!
Passo os dias vigiando as muralhas do castelo
À noite ouço os pios das aves agourentas
E uivos de lobos famintos na floresta!
Sofro imaginando o rei em sua alcova
Vivendo momentos de amor com a rainha
Ciúmes loucos me devoram
E de inveja brotam meus prantos!
Afasto-me do castelo em tempos de guerra
A defender meu senhor e meu rei amado
Nos campos de batalha
Amo-o tanto que imagino ser eu sua rainha
A única dona do seu amor!
Ah por que a delicadeza a alvura e a candura da rainha
Não me foram doadas pelos deuses
Eu trocaria minha espada vencedora de tantas batalhas
Trocaria meu corpo perfeito minha beleza minha coragem
E daria tudo o que tenho e sou
Por uma só noite na alcova do meu rei
Como se fosse realidade
E o meu louco e mais belo sonho de amor!