Olho a madrugada pela janela...
Todos dormem... É quase dia...
Pensamento viaja na imensidão...
Quem sou eu?... - Estou vazia!...
Apenas recordações... Estou somando...
Meu olhar orvalhado... Rubra fonte...
Desfaz-se em águas salgadas, mornas...
Sem esperanças... Sem horizonte...
Só a solidão pode amenizar meus ais...
Só o silêncio me ajuda a suportar...
O ontem... O hoje... E o nunca mais...
Preciso ir... Partir sem mais pensar...
Esquecer o medo... O maldito costume...
O bom dia... O boa noite... O telefone...
Brigas... Juras... Sorrisos e lágrimas...
Exorcizar de vez a madrugada insone...
Minha poesia... Já não tem aquarela...
Naufragou no véu da noite escura e fria...
Fiquei só... Desventurada, triste e sombria...
Minha rima está quebrada... Sem companhia!
O sol nasceu... Preciso dormir... Já é dia!...
Não quero ver nada... Nem o melhor amigo...
A revolta me consome... - Quem ficaria comigo?
A dor lancinante é minha... É meu o castigo!...