Modulavam com as ondas,
pela praia em horas tardias,
o coro de nossas vozes,
nas canções do tempo em voga
naquela orla da vida...
naquela vaga certeza, irrefletida,
própria aos jovens,
de que se vive só para sorrir e sonhar...
O vento levava, rumo ao mar,
e espalhava as vozes do nosso canto,
nas ondas que as lavavam
em suas salgadas águas
de um rumor muito maior!
E havia vagalhões mensageiros
de marés profundas
trazendo tesouros de algas-luz
pelas altas ondas meninas
revezadas, em compasso sinfônico,
pelas vagas e macias marolas marinas,
com caprichoso e brilhante diadema
nas cristas e franjas,
a se despejarem rendadas
em filigranas de prata,
na espuma, pela areia...
Quando nos alcançavam
deixando-nos sua fluorescência
pelos cabelos, sobrancelhas, pele...
Contornando em brilho...
frisando o que era grácil em nós!..
As ondas de marés algas,
executavam rituais de batismo,
aspergindo-nos de sal,
ungindo com a fluorescência dos plânctos
ao embevecimento dos nossos encantos joviais.
E, como a cumprir nossa parte nos rituais,
dançávamos em exata cadência
sobre a areia encharcada,
acordando a luminescência
no ênfase da batida de nossos pés...
Naquele preamar dos dias...
aquelas nossas volatas vozes...
naquelas vagas horas tardias...
aquelas danças volares de luz...
nas orlas de nossas vidas,
iluminados de alegria,
experimentávamos
e adorávamos brilhar!