Hoje, enquanto lá fora brilha intensa
a lua, e, as águas do Tejo, parecem
feitas de prata, levando, no seu dorso,
os últimos barcos de pesca, de volta a
suas casas, ao olhar as estrelas, que,
mais se parecem, com milhares de
grãozinhos de areia, por sobre o manto
do céu, vem-me à lembrança, teu rosto.
Vejo-o sereno, de uma sensibilidade e
sensualidade comovente, numa forma
muito tua, de ser e de te entregares, à
vida. Convenço-me, de que, talvez, em
mim, estejas a pensar, guardando-me
em silêncio, respeitosamente, enquanto
a lonjura, lá vai marcando sua presença,
ao fechar as janelas, de meu quarto.
Encerradas as janelas, mantenho, ainda
assim, o sonho bem vivo, de que nosso
amor, está impregnado, em tudo que
existe ou venha a existir. Por isso solidão
é qualquer coisa, de inexistente, entre
nós dois. E, sucumbindo à flor, do desejo,
a espera toma-te para mim, para que, de
cuidados, se façam os anelos, que te deixo.