Desenlaçou os fios da meada,
lutou em batalhas inexistentes.
Qual ilha, na vastidão do nada,
rodeou-se de muralhas,
num medo incoerente
e irracional.
Bloqueou a entrada
principal...
Na inquietude do abandono,
esqueceu a magia do sonho
entre correntes.
Na masmorra dos pesadelos,
desembainhou a espada
e qual soberano prepotente,
ascendeu ao trono
dos incoerentes.
Perdeu a noção do real
e vestiu-se de insensatez...
Esqueceu o pobre mortal
que sem amor, nada faz sentido.
Zombou de tantos sentimentos,
questionou a existência Divina
até sentir-se ateu!
Agrilhoou o ser emocional
e na solidão escolhida,
brincava com o tempo
que lento se arrastava,
em fase terminal...
Isolado qual animal,
murchará na sede do deserto,
alma calada em águas profundas,
profusa em dúvidas e mágoas.
Não sente, não vê,
não entende o sinal.
No corpo, as marcas dos anos,
traçando um ponto final,
outra vez...
No vento frio do engano,
palavras borbulham
aqui, ali, além...
Farfalham
incompletas, desconexas.
Secas palhas que espalham
o oculto sentir não prescrito.
E cega um olhar peregrino
na seca fonte do orvalhar.
Tudo fica mais além
e discordante...
Enfim, enxergou-se só...
Emudeceu o grito,
acolheu a desdita,
aceitou o livro do destino,
onde nada havia escrito.
Não se rende à realidade,
absorve as mentiras,
mas não desperta do sono...
Tomba o ser humano
qual infértil figueira.
Na fina transparência
da veracidade,
a derradeira fuga:
sempre da luz distante
esgueira-se,
como sombra sem dono,
um proscrito...