Desse-me a vida um espaço
entre as dimensões...
uma entrada...
um portal...
por onde eu escapasse...
Onde pudesse transpor...
e por instantes planasse,
leve
como qualquer ave...
luz
como qualquer estrela...
a refletir de mim,
o amor que ainda não amei,
aquele amor que entregarei,
ao poeta que ainda não me viu
nem me chamou pelo nome que já adorei...
senha que me ocultará
do que hoje ainda é triste,
frio e acre!...
Ah! desse-me a vida,
um átimo...
um breve...
um fio...
um triz!...
para que eu atravessasse
paredes dimensionais e
planando divisasse no infinito
aquele alguém a quem entoarei
o salmo de minha ternura,
em compasso feliz!