Na Estrada das Lágrimas
A morte uma parada
No intinerário da vida
Coletivo passa lento
A molecada ao redor de um carro
Abandonado num terreno baldio
Zona Sul da capital paulista
Procuro uma palavra que seja perene
Enquanto o coração mendiga um carinho
O caminho da razão não tem razão
Com os dentes de um morcego
Fiz um amuleto que chacoalho
Descuidadamente nas sombras
Afastando as bruxas e a má sorte
A dor de todos
Não se empresta a ninguém
O sacrifício da vontade
Dispara aleatoriamente
E os olhos explodem de vingança
Quando o sangue quer partir
Padecendo de sofrimento
O calor faz o tempo mudar
Nuvens desaparecem timidamente
O céu um lençol azul cheio de aquarelas
O suor encharca camisas brancas
Os paletos descançam nos braços
A agitação cresce
O vento emudece
Um enforcado balança num árvore
As crianças correm no asfalto quente
Um carro de polícia encostado na calçada
O pessoal na padaria bebendo cerveja
E se informando do falecido
Tudo muito natural
Outra terça ou quarta-feira
Carlos Assis