Não sei como explicar este amor,
parte fascínio, parte respeito
incondicional, que, assentou fidelidade,
dentro de meu coração,
desde esse dia, em que te vi.
Só que, meu pensar, acordado, tem
a todo o instante, o sublime
de teu rosto, traço a traço, como
que, há muito gravado,
dentro de meu singelo, ser pessoa.
E se muitas vezes recorro à natureza,
para te definir, é que, para mim, tu és
a própria natureza: sol ou chuva, canto
de pássaros e miles de flores.
ondas do mar, pousando dedos,
numa praia qualquer.
E vejo-te dançar, à luz da lua, pés descalços,
por sobre a areia e a maré baixa,
num círculo mágico, quase num êxtase,
em que soltando vais, tua alegria,
salpicando tudo à tua volta, como que
espargindo, a tua imorredoira fé.
Depressa baixas a ti, um pouco nostálgica,
porque a noite é curta e teu caminho,
tem de prosseguir, sempre de sorriso
nos lábios, não importando o cansaço.
Mas quando a tristeza vem, em silêncio
te escuto, até que, teus olhos, voltem
a brilhar, com uma naturalidade, já tão
costumeira, a este que te dá, o que
tem e não tem, porque, no fim, tem tudo:
teu ser, teu amor, este jardim, que um
dia, da terra vazia, enchemo-lo de flores.
E assim és tu para mim, meu grande amor,
uma força incontrolável, mas que nunca
negou palavra, a quem quer que fosse,
como se o vento assobiasse, de mansinho,
acordando as folhas adormecidas.