O que desejas, mullher?
Um carro zero, uma mansão, jóias
e dinheiro?
Queres de mim a fortuna,
viajares ao mundo inteiro?
Por que me fazes desgraçado,
em não me querer por nada?
O mais infeliz e famigerado,
de alma toda rasgada?
Maldita! Dize-me!
Queres perfumes e roupas?
Ainda te fazes atrevida,
negando-me o sabor de tua boca?
Ignora-me, infeliz!
Dize-me! Queres tapetes persas?
Quadros de Picasso, Monet ?
Fazeres de mim um quase nada,
Por quê?
Atrevida! Tu me negas-me um olhar sequer!
Abaixas a cabeça e olhas o chão...
Fechas a mim, sem pensar,
a chave de teu frio coração !
Por que me fazes tão miserável,
tão pedinte, tão pequeno?
Não vês que sucumbo na falta
de teu amor
e que, aos poucos, estou morrendo?
É o que tu queres, não é?
Depositar flores em meu caixão...
Derramarás pelo menos uma lágrima,
ingrata, ou manterás frio o coração?
Quisera fosse o mais pobre dos homens,
porém, o mais amado por ti...
Pobre tu és também, porque não enxergas
o amor que te ofereço!
Somente a fortuna que possuo, maldita!
Ainda bradas que teu amor não tem preço...
Condena-me rico, simplesmente
e em teu coração de serpente,
não me deixas fazer morada, por desdita!
O teu amor não tem preço?
Ah, mulher bandida!
Achas mesmo que mereço pagar tão caro?
Tu me cobras a triste vida!