A cidade veste-se de luz
Como se buscasse
Inventar a alegria
O carrousel de lampadas
Vermelhas,amarelas e azuis
Inundava o espaço...
O fim da tarde estava agitado...
Aos poucos foi tomada pelo encanto
Da fonte luminosa do presépio
Lembrei o tempo de menina
Das festas, da lapinha
Na casa da minha avó
Num canto de rua
Uma criança acocorada
Mastigando idéia...
Esperava o papai noel
Como ouvira contar-lhe
Que todas crianças ganham
Presentes de natal...
O menino fazia dias
Que não dormia...
Ficava olhando o escuro
Pelas frestas do telhado
Que o pai ainda não terminara...
Uma bicicleta...
Vou ganhar uma bicicleta...
E o papai noel não escutaria
Ocupado que estava
Com entregas muitas...
O menino não entenderia...
Continuava ancocorado
Num canto de sala...
A ilusão não morria...
A mãe lavava os pratos..
Alguns rachados...
E as panelas velhas
Numa bacia de plástico...
As crianças
Cúmplices do irmão
Cochichavam...
Por entre
As paredes da casa
A manhã chegou
Sem se anunciar...
E lançou sôbre o reboco triste
Tons que iam
Do desespero à fé.
O frio da madrugada e a dor
Vão se afastando...
Ele... o papai noel não veio...
Olha outra vez
Para as luzes da cidade
É tudo lindo...
A noite não termina...
Assim como a espera...
No seu pobre coração...