Existe, para mim, uma enorme incoerência,
ao celebrar-se, um novo ano, quando nada se
aprendeu ou realizou, para o bem
de alguém, com o decorrer, do ano transacto.
Era como se bastasse, folhear o carcomido
calendário, alterando-lhe, o quão de mal,
nos privou, para que lhe achássemos, a tal
justeza, quando são de esperança
as palavras, dos mais acérrimos defensores,
de tão castiças festas.
Que assim seja pois e todos saiam à rua, em
polvorosa, largando foguetes, e, comendo e
bebendo, sem restrições nem limites,
dançando à luz da lua, até raiar o sol primeiro,
de um novo começo, apenas usando de
consciência, ao fazerem-se à estrada.
E atenção, ao sexo seguro! Sim, porque isto,
não é nem nunca foi, apenas uma festa,
entre famílias, mas de todos, que gostam
de participar, deixando seu registo, para
mais um ano.
Que, desculpem-me, em nada,
vai trazer, de melhorias, para a vida pessoal,
de cada um, muito menos, no âmbito global,
ou seja, para a resolução, dos muitos
problemas, que afectam, diariamente,
variadíssimos países e seus povos indígenas.
E que no seu mundo de fantasia, protegidos
pelos seus pais, divirtam-se as crianças,
até que, por fim, o sono exija seus corpos,
cansados de tanto saltar e de gritar.
Os que podem, pois para os que não têm
tais possibilidades, que, pelo menos, seus
pais, lhes cinjam um afectuoso beijo,
trazendo consigo uns belos cachorrinhos,
em fotogénica fotografia, que será pendurada
na parede, contando dia, atrás de dia.