Parece em mim torturantes marteladas
o som de cada segundo,
anunciando que não vens...
Horas passivas e subtraídas
fazem de mim e das madrugadas
tuas submissas reféns.
O amanhecer chega como o carcereiro
que liberta o prisioneiro
para o banho de sol...
Mas nem o sol aparece para me aquecer
e me fazer esquecer
de que sou mais uma
a não escutar o canto do rouxinol.
O pássaro também não desperta
nesta manhã cinzenta e agourenta,
como se fosse um presságio
de que a minha resignação
me prenderá a uma tibieza serena
e me obrigará ainda a cumprir pena
com pesado e excruciante ágio.