Sou pássaro a buscar
abrigo entre galhos
de um chorão.
Sou rio a carregar
lembranças da nascente.
Sou margem que
se abraça.
Sou relva na espera
que a brisa suave
me faça dançar.
Sou orvalho que chora
beijando a natureza.
Sou pedra que comunga
a terra.
Sou a própria terra
que luta para não secar.
Sou sol ardente,
o frescor da chuva,
a nuvem e a sombra
da nuvem.
Sou lagarta,
casulo,
crisálida.
Sou toda espécie.
Sou cada onda do mar,
mar,
areia,
grão.
Sou paralela,
linear,
ponto de início
sem ponto final.
Sou barro,
sou pó,
sou espelho de mim.
Sou asas,
sonhadora,
louca,
voadora.
Sou tudo,
nada.
Sou o amor
que te guardei.
Sou espermatozóide,
o mais forte.
Venci.
Sou vida,
sem hora da morte.
Ciclo universal.
E tu? Quem és?