Sou uma embarcação solta no mar,
meu núcleo vital é antigo candeeiro;
às vezes navego serena em águas mansas,
outras vezes, tormentas vêm me acompanhar!
Sou semente ante o sopro ambíguo do tempo,
orvalhando o sal da terra no olhar,
também sou brandura em sentimentos
e inquietude nas ondas do atravessar.
Sou única, singular, porém plural;
finita e passageira matéria a velejar.
Sou vento brando nas horas de madrugar,
luz tênue num amanhecer outonal
e lua em fios de prata, noutro instante!
Sou flor rara que enfeita caminhos,
árvore frondosa e suas sombras...
Sou corpo marcado por espinhos
quando a incerteza chega e assombra.
Sou tantas... forte, frágil e pequena!
Emoções nos grãos de areia a flutuar...
Nas somas das viagens constantes
tenho a Mão de Deus a me acompanhar,
pois, no todo do ser, sou alma apenas!