Diante de uma carinha triste,
Sujinha e nariz escorrendo,
Você quase sai correndo,
E vai logo se esquivando,
Apressado, se desviando,
Até fingindo não ver,
Procurando não ser visto...
Para não sentir odor desagradável,
Toma uma atitude deplorável,
Ignorando uma criança inocente,
Que mesmo sendo indigente,
Certamente também é gente;
Que vive, sofre e sente,
Sem ser de nós, diferente,
Exceto pelos bens, que não tem.
Deixe de admirar só a beleza,
Que o tempo logo desfaz;
Desprenda-se dessa riqueza,
Que compra tudo, menos a paz;
Liberte-se de toda a tristeza,
Que nenhum prazer satisfaz!
Procure agir sem demora,
Em favor da recuperação
De todo excluído de agora,
Dessas pobres vítimas sociais
Pobres crianças sem pais,
E procure lembrar também
De sempre fazer o bem,
Lembra do Menino de Belém,
Sem ouro nem prataria,
Nascido na estrebaria,
Tinha por berço o feno,
Ele sempre se fez pequeno,
Sendo o maior de todos nós,
E ao partir de encontro ao Pai,
Encheu-nos de fé e esperança,
Pois nos deixou a segurança,
De que não nos deixaria sós,
Principalmente ao socorrermos,
Os pequeninos dentre nós.